Antonio Jadel

Entre Sonhos & Poesias, a realidade do dia-a-dia.

Textos


Ontem eu vi uma linda poesia caminhando só,
tão lentamente só.
Passos vagantes, olhos itinerantes, num presságio de busca etérea, 
como quem fosse à procura d'uma autoria per si.
Seu semblante era sereno, modesto.
Vezes sorria fino - a poesia - 
mas tinha algo no peito, por dentro,
que p'rece que remetia a dores sentimentais.

E eu querendo melhor entender, num ímpeto de 'ais', 

'té com um pouco de dó, dela tentei me aproximar. 

Vã esperança alheia. 

Quanto mais perto eu chegava (de cara cheia),

mais distante ela ficava (como disposta a contar grãos de areia).
A contradição era pois sedução. 

Dado em ganância obtusa, só queria eu por ela assinar. 

Tomar-te de toda minha escrita, eu como autor.
Mas foi quando a luz da poesia se apagou
(ela colheu-se em calado buraco negro, num esplendor) 
que me adveio a consciência: daquilo que é belo, alheio, 
- sentimento externo / que não me cabe em direito, vilão sedutor -
não posso tomar-te-me (in)próprio, 

como 'meu exclusivo amor'.
 

'Me Enamoré de Ti' (Luciano Pereyra & Lang Lang - piano)

https://www.youtube.com/watch?v=XCS_Uv2SWLw

 

Antonio Jadel
Enviado por Antonio Jadel em 01/07/2025


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