O JARDIM DAS DELÍCIAS TERRENAS

oh, carnaval - ligado a utopia,

lídima felicidade de uma ilusão traçada em linhas horizontais;
na aptidão entre o claro e o escuro daquilo que m'enseja

(o bem e o mal em parelho),
fui gozar-te à malandragem vivendo-o como glória de Atenas
o meu 'Jardim das Delícias Terrenas'.

sei que não havia condenado pecado, à estreita,

mas de algo eu sabia, ademais,
eis que ao sórdido destino d'espreita - ilusão passageira,

tão logo o critério do afoito,
apenas,
pós pago o pálido coito,
veio-me em voga violência-gravata,
cuja bravata sangrou-me à sorte,
sem pestanejar o sofrido sorriso à longínqua morte.

(há tempos perquiro o incômodo)

valha-me Deus daquilo qu'eu sei (refleti e pensei),
embriaguei-me de mel & melado
e na confusão da noite,
pós trote e malgrado o pecado obcecado,
vi-me ausente-carente,

truncado-pelado,
guardado-trancado,

torcido-ungido,
cuidando sozinho de mim.

(e o espelho foi meu anfitrião)

delícias à parte, e por que não (?)

nesse da vida - jardim,
que me venha mais santasacra folia e alegria,
pois sincero ao contexto dos fatos (é fato),

planto sementes daquilo que colho,

e à tudo eu escolho:

- não posso abreviar o meu fim...

'O Jardim das Delícias Terrenas' - quadro tríptico de Hieronymus Bosch

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Jardim_das_Del%C3%ADcias_Terrenas

'O Segredo do Universo' (Raul Seixas)

https://www.youtube.com/watch?v=yNqKayNNDUE