PEDRAS
Dentro das formas,
alheio ao corpo - não morto,
à lume n'escopo - no escape,
elástico lanço-me fácil - flácido - na busca do que mais (e melhor) me compraz.
As lástimas não me confundem.
As lágrimas não me iludem.
Nas lápides os desejos são todos imunes...
Assim, pois, livre-docente,
posto que de amor não morro,
laceio-me em tato ao vento, (in)decente vôo.
Mas sempre ao chão eu me sinto-estou.
Na interrogação (e não digo do ponto) sei que sou forte.
'té incandescente.
Sinto virilidade, posto que viço, quebro.
Magnitude, posto que opaco, brilho.
Complacência, posto que rígido, flexibilizo.
Singularidade, posto que a tudo, o menos é mais.
Acho que sou mesmo uma pedra - que constrói - e que dói em mim,
humanamente, o seu próprio 'ser' que não se confunde, amiúde:
o âmago doce-amargo da (in)certeza de ser o que sou:
pedra intacta, fria, indelével, rara e imperfeita,
mas que in natureza mesmo que de carne & osso,
mostra-se à(em) plenitude.
AGONIA
Totalmente destemperada (e despudorada, 'mbora vestida) mia agonia se mobilizou,
pulou cordas, subiu ladeiras,
deu braçadas, sorriu de fininho,
brincou suas 'queimas' sem queixas,
rodopiou às escuras... 'té mergulhar de cabeça num poço sem fim.
Buscou ao revés de sua sorte encontrar a saída.
Colheu-se de fato, cara batida ao peito no chão,
rasgou seu propósito,
rotou-se em pedaços (pedacinhos do nada)
e viralisou seu canto poético,
marchando à direita, sorrindo à espreita,
- e com tal esplendor - como um anjo maior
luziu-se de si (claridade na mente),
perdoou-se como um 'deus' devotado,
pra 'penas poder viver o melhor.
Mia agonia é contemporânea relembrando canções.
Engole suas próprias emoções
(mata a fome e a sede)
afinal, de antemão,
não vive esperando eleições...
'Agonia' (Oswaldo Montenegro)
https://www.youtube.com/watch?v=6NeRnmODP5M
'O Perfume da Memória' - 'O Despertar das Palavras' (Oswaldo Montenegro)
https://www.youtube.com/watch?v=sb2Y3Eq4W7Q
'Agonia' (Mari Fernandez)
https://www.youtube.com/watch?v=jFL4p1vOGcY
