CAMINHO DO FREI GALVÃO (poesias & contos)
CAMINHO DO FREI GALVÃO (poesias & contos)
obs: aqui exponho/publico uma pequena série de poesias e contos feitos durante o percurso da minha 4a. peregrinação: o 'Caminho do Frei Galvão', percorrendo 135 km da Serra da Mantiqueira, entre cidades dos Estados de SP e MG, durante o período de 04 até 10/janeiro.
DEVAGAR
Devagar,
o meu vagar - num pleno divagar,
'vagarinho ou vagarzinho',
em voga
forte como viga d'aço,
a fé e a esperança,
que eu trilho no meu
caminho.
TRÊS PEDRINHAS
Três pedrinhas que estavam no chão,
Três pedrinhas que me chamaram atenção,
Três pedrinhas que guardei pra coleção,
Três pedrinhas que entoam a consideração,
à olhos sem fé, não tão bonitas,
mas à beleza in natura, todas polidas,
dadas-doadas à quem de direito merece,
- por digna prosperidade -
à razão de minha leal gratidão.
HO'OPONOPONO
À vida - dádiva sopro de Deus (à Ele)
sinto muito
(por favor)
me perdoe
eu te amo
muito obrigado
Àqueles que comigo na história da vida viveram-interaram;
Àqueles que comigo hoje vivem-interam;
Àqueles que comigo amanhã viverão-interarão
sinto muito
(por favor)
me perdoe
eu te amo
muito obrigado
À mim por digna compaixão (auto-estima)
sinto muito (resignação)
(por favor) (um obséquio)
me perdoe (desculpas por liberdade)
eu te amo (amo-te mor, por muito amor)
muito obrigado (por gratidão, amém).
CACHOEIRA
Deixei o relógio por aí - perdido;
e fui passear por lá, onde havia o tempo - um encontro...
INTEMPÉRIES
Ao sol, chuva, frio e vento,
o calor escalda, a subida (altitude) íngreme cansa,
a descida insana, lama e corte,
(quedas)
a fome, a sede, a febre, a fibra,
a fadiga...
e a quem me diga - que ao superar a dor,
vinga-vigora o espírito de vencedor...
SERRA DA MANTIQUEIRA
O sono que deita a cama
repousa, absoluto(s)
os sonhos / pelos quais eu almejo...
e eles em paz,
como atributo - bem quisto
eu luto,
ora ganho ora perco,
mas sempre emoção eu conquisto.
O LOBO MAU E A PORQUINHA (micro conto)
No caminho do lobo mau apareceu de repente uma porquinha (gorda, sadia e delicada). Mas ela assutada d'olhos inquietos, buscava a fuga das garras do animal intrujão. Mas disse-lhe logo, de bate pronto ao animalzinho que cuidadava dos seus filhinhos-porquinhos:
- calma; eu não vou te comer. Vás tranquila a sua sina viver...
('té porque eu não como - jeito nenhum - carne suína).
FARDO (micro conto) (insiht verdadeiro)
Caminhavam os caminhantes. Aparatos às costas, aparados em grupo, agraciados à tudo, areados por sonhos, amaciados por dogmas...
Mas eis que a um breve 'stop' de reposição (reconstrução), adiante advinha caminhante sozinha, empurrando seu lema-trabalho - carro de entulho, papel, papelão, vidro, despojos, e talvez o tudo que tinha - 'senhorinha' magra-magrinha, cara riscada, feição de anciâ, de pele cansada, amassada, enrrugada, de pernas tortas, calada e muda, à sua força-equilíbrio que entorta a nobreza, o orgulho e a fé de quem anda a pé porque quer... e nos dá a certeza de que a força do amor (seja do jeito que é e que for), não cabe escrito em livros de auto-ajuda.
Obrigado à Deus... o nosso fardo (o meu) é leve.
