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DISTRATOno meu mar há fogo
no meu eu não me caibo só
no toque do meu silêncio há luz
no meu dicionário há dúvida catalogada
no meu sentido há contramão contrário à tudo
no meu peso há carne quente com sangria exposta
no trabalho que me prosto há vontade que me persegue
no âmbito do qu'eu almejo o destino me entrega dúvidas d'ocasião
(...)
tudo qu'eu sinto é sonora compaixão
(não que eu me negue, o perdão ao que me é nefasto)
nada qu'eu tenho é fome
(ótica d'ilusão, vivo a condenação do fato àquilo ao que me arrasto)
sinto que perco vitórias e ganho derrotas
e o meu sono, sano, pueril,
sonha e dorme uma sonsa insônia ...
tal qual atualizo em memórias, da vida, o perfil
(...)
ah, louca-vida-louca-vida / vida-louca-vida-louca,
ávida loucura coloquial de quimera-engate,
- que de sorte não se auto-pariu -
destarte, o desate que sinto n'alma causa em meu corpo desastre,
e nesse insólito embate, disfarce,
minto verdades,
em desfiguradas desfeitas,
como feito à signatura d'um parco distrato
- à redação d'um déspota amador -
que nada se opõe a sentimentos triturados num liquidificador.
(...)
pois é, se 'gora não for - assim, um dia - foi ou será,
e não há talvez...
pois já se clama viés d'existência à mancebo,
vez qu'onde eu a vejo, eu sinto, notoriamente percebo.
E de resultado me vitamino, me hidrato
do suco-sensorial e sentimental, ora passado-liquidificado;
e nisto, listo, insisto, não há dor:
minha loucura-serena (que não é pouca) se chama 'amor'.
Antonio Jadel
Enviado por Antonio Jadel em 26/11/2020
Alterado em 26/11/2020
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