CONCLUSÃO
CONCLUSÃO
Entrastes em mia vida como luz,
dum astro noturno que falseia sombras
na anatomia de um medo-desejo, intermitente.
Embora desmedida, de sola,
tua vinda conforta-me o agouro no dia de agora.
Penso que me agarras com tuas garras,
cravando-as em meu corpo de modo cruel.
Mulher com fome, bruxa, fiel.
Sinto então tua ternura...
Penso que me encantas pela discrição do teu papel,
de seda, camurça, como pele macia.
Mulher contida, sensata, arredia.
Sinto então teu grito feroz e voraz...
Penso que tu és uma deusa, mitologia-contemporânea.
Sinto então que sou deus.
Forte & fraco, como quero e gosto de ser...
Tenho medo, desejo, e um sentido imenso de te servir.
Meu copo d'água contém volúpia e carinho.
Sou pródigo em querer te fazer sorrir...
Aliás, em minha conclusão - de antemão - sei em verdade,
na postura de um amor próprio como Narciso,
que 'nossas bocas nunca se beijaram. Mas se conhecem, pois elas sorriem o mesmo sorriso'.
