MINHA SAUDADE
MINHA SAUDADE
Minha saudade é literata,
escreve textos com palavras de difíceis interpretação;
sua cadência não é uniforme,
é vaga,
deixando-me aturdido (efeito sonífero)
e perdido (em voga)
diante do meu querer.
Minha saudade não me paga um só vintém por aquilo que mereço.
Inda qu'eu reze o terço,
deixa-me carente, 'té mesmo quando caio,
em soslaios,
em trópicos tropeços.
Minha saudade é vilã de si mesmo
(me deixa ermo)
e tempera minha refeição com pimenta ardida nos meus olhos.
Imbrólhios...
Mas (e) diante do ardor,
eu choro... imploro...
e minha saudade cruel,
revela-se então apraz penitente,
traz-me conforto à mente,
como um 'São Salvador' (ah, cidade tão bela)
apaziguando o sentimento sofrido,
porque sabe,
que meu 'amor' (ela),
não está assim tão ausente,
apenas encolhido(a) numa lacuna pré-existente...
Ah, saudade,
diga-me que tu és piedade em forma de gente.
Laceie-me por tráz, do lado, de frente.
E 'ntão venha com sua suave voz, clemente.
Já que tua lacuna abstrata,
se encaixa ao meu eixo vervente,
... quero pois, preenchê-la, tão e somente...
Venha 'ntão até mim, saudade.
E não vaga, s'entregue presente, me beije...
Sem medo e sem culpa - com ternura e lascívia,
a toques latentes.
Aposto que ao encontro entre ambos - entantos,
ficaremos sói vulgos contentes.
Antonio Jadel
Enviado por Antonio Jadel em 19/12/2019