BORBOLETAS
BORBOLETAS
O reino era próspero e feliz. Em tudo se nutria o gozo. Fartura. Elegância. Preponderância de que nada faltava, alhures. Tudo era abundância.
Mas ao olhar sincero o jardim, de lá do alto do pedestal, percebia a Rainha que as coloridas flores não ornavam com as borboletas que por lá ciscavam a vida.
Ciscavam daqui, ciscavam acolá, em perdidos vôos em preto-e-branco.
Eram todas borboletas mecânicas, aparentemente sem cores e sem brilhos...
E o plebeu-jardineiro - que sempre silente mui admirava a sua Rainha e por ela nutria notável paixão - cuidava com carinho e esmero daquele jardim. Esse era o seu zêlo, seu esforço, seu propósito, o seu trabalho-fim.
Mas ele também sabia por dentro de si, que faltava algo necessário ao belo & colorido. Sabia que faltava um ingrediente importante: talvez, a magia do inexplicável.
Rainha e plebeu, portanto, combinavam entre si com a mesma percepção. Cada qual no seu posto e no seu mundo de procissão. O jardim era belo, mas algo faltava que lhe desse mais vida.
E foi assim que nos seus simplórios olhares de admiração (do plebeu), percebeu a Rainha aquele seu 'fito', quando seu coração em disparo (aos risos), perguntou-lhe educadamente:
- menino, que fazemos pra que nosso jardim seja mais povoado de coloridas borboletas?
E o plebeu-jardineiro, com seu coração a mil, numa explosão de felicidade (sem muito entender o porque mas querendo sentir), de pronto-lhe respondeu:
- simples, senhora Rainha. Baixe uma lei que assim determine. E assim será cumprido, como obrigação, pra vê-la feliz.
Dito & feito ao sutil toque de dois amantes (da natureza).
E daquele momento em diante - depois da lei - só se via um jardim colorido, radiante e bonito, de coloridas borboletas voantes.
As más línguas do reino insistem em dizer que entre ambos, houve um sincero, bonito & mágico 'affair' de amor...