EMBRUME
EMBRUME
Numa sito-ação embrume
reles perfeita n'aurora do dia,
café servido à mesa
sonho pintado n'altura do olhar da esquina
televisivo jornal com notícias esquivas
nada à mim antecipava agonia...
Tudo ia e vinha - girava
como cirandas de bailes d'infância
(me lembro eu como criança).
Mas eu,
ia mesmo, eu,
(somente eu)
sabendo que pouco ou nada eu não muito sei
desenrolando mia sorte,
bora mirando pro fim da noite,
pensei, descansei,
e creio
in veritas mote,
(eu)
qu' em divinas alturas (e forte)
em sonhos de lisuras, me agarrei.
Descabrunhado de tudo
fustigado no bate-rebate do ganha-pão,
(eu)
como menino ou ancião
... respirei e desenrolei...
e no afago do âmago amargo,
num fático fado dum conto de fadas
antes do tempo que há de vir,
(e eu sei que o sol é o porvir)
foi 'ntão que a formosa dama,
que jamais deitou em mia cama,
da pele de toque sensato ao meu dote
sorriso de lado ao estoque
sentiu arrepios também embrumes,
antevendo e sabendo,
pois,
(à mim, à nós)
que assim sobretudo, eu,
plebeu,
puritanamente & sincero,
(somente eu) lhe amei.
(É como tinha de ser. Foi. É.
E ad eternun, não teme, será)
(e o abraço sempre será sentido
numa poesia noturna,
inda qu'em sonhos)