Antonio Jadel

Entre Sonhos & Poesias, a realidade do dia-a-dia.

Textos


POEMAS DE ANESTESIA

POEMAS DE ANESTESIA

(I)

Não aniquilo meus sonhos.
Degusto-os.
Engulo-os. Como... porque
deles eu sinto fome;
e nesse ciclo de consumo,
eles então me alimentam.

-x-x-x-x-x-

(II)

Em peças de quebra-cabeças que muitas vezes não se encaixam
(por causa das próprias cabeças), 
'o que foi, foi'...
in animus bono
no maximos datur
a fortiori
a pari
a radice
ab initio
ab instantia
ab utroque ladere
ab origene
actio inter vivos
ad animum
ad eximere tempus
ad patiendum
ad unguem 
adfinitas
in aequitas
affinitas
alter ego
bona fide
in boni mores
ex commodo
ex improviso
e ainda ex intefro
...
e de tudo isso, circa merita
na certa intentio legis
naturale jure
e de pleno jure
numa simplex veritas...

E eu sei que foi amor!

-x-x-x-x-x- 

(III)

Longe, o bastante:
     equidistante, hoje, 
     nesse momento constante.
Contentes (?)
     Distraídos,
(não são oponentes)
     pra sempre (?) vívidos, nas busca de sonhos - contornos
não mais contraídos, por ora,
     acolhidos.
Sentimentos de ambos (amor),
     sentimentalmente sentidos!

-x-x-x-x-x- 

(IV)

Queria eu qu'ela se ajustasse ao meu mundo.
Sem perceber - sem máculas ou remorsos -
eu é quem deveria me ajustar ao mundo dela.
E as rotas das carruagens rumaram a destinos distintos.

-x-x-x-x-x-

(V)

     Caos
     acaso
ensaca o saco
cosa, coisa
     e saca o mundo (sem socos)
e dos caos que se transforma,
(vida & morte enamoram)
     vínculo do conforto:
o teto, o lar, a casa !

-x-x-x-x-x-

(VI)

Hoje tua imagem pra mim é como ver um filme 3D:
sei que estás do lado de lá.
Distante do meu apego.
Mas sinto-te tão presente,
('prece que te pego)
'qui do meu lado..
que me conforta invariável - o meu aconhego.

-x-x-x-x-x-

(VII)

Sem poder me despedir - os propósitos restaram impróprios -
tenho eu que me despir;
pegar uma roupagem e agir algo
que me dê um novel colorido;

-x-x-x-x-x-

(VIII)

Busquei um refúgio.
Queria eu me proteger da fúria daquele dilúvio
(tudo era então tempestade)
caí n'armadilha
duma mentira a fundo
levando-me as redes / rédeas
da minha própria identidade. 

-x-x-x-x-x- 

(IX) 

Na torre elevada duma igreja abandonada
ele gritou ao mundo, bem alto e a bom tom
todos os seus segredos
tornando-os públicos,
dizendo de si - e à todos
as suas verdades
as suas mentiras
as suas vaidades
'inté' mesmo suas tiranias;
e ao profundo do seu conteúdo,
firmou o propósito de sua felicidade. 

Despiu-se em nú n'alma. 

Mas...
naquela cidade fantasma-desabitada, 
destruída pela guerra humana
(inóspito lugar)
não havia ninguém
ninguém lhe ouviu
ninguém lhe escutou
ninguém lhe entendeu  
somente o eco ecoou.

-x-x-x-x-x- 
Antonio Jadel
Enviado por Antonio Jadel em 13/04/2019


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