MEROS ANSEIOS / LADRÃOMEROS ANSEIOS
antípoda aos sinceros sentimentos,
que por dentro sentia
seus olhos brilhavam como fogo azul...
(parecia esperança)
sua voz era calada
(reles desconfiança)
e sua dor indolor
(contraposta à qualquer aliança)
sorria por dentro, sem qualquer contradição.
é que o domingo estava beirando às vésperas de si mesmo
sem poder compreender
que o tempo não corre nem passa
- ao que lhe parece -
ele acontece.
Assim, à maestria
buscando da vida em prece
um entendimento
nada entendeu...
e seu humor ficou ácido
e seu rumor falou tácito
e seu rancor brandou plácido
e viés ao seu turno,
sem um só sequer beneplácito,
equilibrou pensamentos, em fuso horário qualquer que fosse
(de nada valeria a pena marcar a hora).
rodopiou como pião pirado posto em voga em torno de si mesmo
envaidecido à sua maneira do seu auto-balé
e então foi dormir.
Cerrou os olhos.
Aquietou a mente.
Respirou o alívio.
Relaxou a matéria.
Meditou o espírito, adormeceu.
Sonhou sonhos. E foi só isso o 'isso' que 'conteceu.
'o dia vai raiar quando tiver de ser necessário'.
-X-X-X-X-
LADRÃO
Numa vã tentativa de fuga às alturas
(não pelo alto, mas com os pés no chão)
o conceito da sua prisão colidia com a liberdade;
o muro divisível era invisível / grafitado de uma vasta imagem
plana, plena, fértil, colorida e infindável
do que poderia ser à frente.
Não havia limites. Nem planos.
Plúrimos o futuro, as circunstâncias raiavam o amanhecer.
E isso é o que lhe assustava...
fazendo-o prender aquele temeroso ladrão:
o ladrão da sua própria sorte.
'Numa ilha de fantasias, o tudo & o nada festejam à todos o seu casamento'.
Não há convites formais à ninguém.
Portas abertas, vai quem quiser.