CAMINHOS OPOSTOS
Ferido o berço,
(nonde se deita)
os beijos nos beiços - nos sonhos o abraço,
do morno contato, o cansaço.
O clima mormaço.
O entorno torto sem rédeas
- naquele pequeno espaço -
e a luta por tréguas.
Fático martírio d'uma esperança contida
mas não perdida,
do que pode inda algum dia ser.
Basta-se pois, o império do verbo crer.
Mas o que se vê no atraso das horas disparsas
é que o que vaga, são apenas calçados.
manchados,
aos pés suados,
cansados.
... não maltrapilhos. Sim andarilhos...
O tudo mais é estória.
Os brilhos são glórias.
O livro é impresso e impressionante.
A lembrança, marcante.
E a loucura aponta seu trono, sendo notável e fascinante.
(...) as entrelinhas são sempre absortas incógnitas,
palavras em voga.
Poesias complexas.
Fantasias conexas.
A vida é festa pr'aquilo que resta.
(o amor pode estar numa taça d'um vinho que presta)
(múltiplas páginas são viradas. Mas a estória não muda).
Agora os pés e o corpo pedem apenas descanso
(não o descaso).
o esvaziar da mente,
de modo tranquilo,
sereno,
profundo,
manso,
sem ranço...
Mesmo que opostos,
os caminhos que vão
são também os caminhos que vem.
(fim)
obs: detalhe: final da poesia escrita ao som de 'Maluco Beleza', de Raul Seixas. Eu sempre vi a beleza em coisas malucas. Tenho um olhar avesso à perspectiva normal. Eu consigo ver mais do que se possa o simples entender. Porisso eu sei que sempre fui, sou, e serei maluco... Beleza?!