PRESIDENCIAL (I)
Do seu bucólico sentir (e não era pena) soltou gases.
Intermináveis gases
pela boca e pelo cú,
soltando afora o seu íntimo-ser.
Mas sabia por certo
na essência do seu corpo nú
que o aroma exalado era perfumado a lá desodorante 'society'.
E pelo respeito do seu perfume in natura
- pago às custas alheias -
ganhou tão grande notoriedade
tão grande à sua saciedade
(nada pela sociedade),
que concorreu...
e por diplomas meritocráticos ao sofisma de uma gargalhada lúdica
chegou lá em cima... bem lá no alto...
onde ninguém mui breve, sano e limpo seguia chegar,
... até a Presidência de sua República.
x-x-x-x
PRESIDENCIAL (II)
A faca que cortou meu dedo (acidente);
foi a mesma faca que me serviu o jantar - na presença do ilustre presidente.
Era apenas um momento an passant e cadente.
E a boca que comeu, foi a mesma que sorriu
(era vaidade)
e depois chorou,
(era verdade)
vomitou
ao provar o paladar solto ao gosto-desgosto
de sua antagônica vida: - de viver o luxo dos outros...
e de si,
como se fosse uma facada n'alma,
ser somente pobre-réu-penitente,
sobrevivente - subserviente.
Antonio Jadel
Enviado por Antonio Jadel em 13/09/2018
Alterado em 13/09/2018