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ADJACÊNCIAS / JULGAMENTOADJACÊNCIAS / JULGAMENTO
Ontem, hoje e amanhã
(distorcido ao tempo verbal)
conversei comigo mesmo
conservei in natura o humor
consenti o silêncio da minha razão
converti sonhos em realidade
e contemplei a estrutura do que vige: o factual
convencido ao que me resta,
que de nada adianta se preparar vaidoso mas ficar ao lado de fora da festa...
Convicto, busquei mudanças em minhas andanças,
mesmo comendo a fome,
e inalando antigas poeiras no canto do caminho, ou mesmo na sala d'estar.
Afinal, vagaroso, ligeiro ou deitado,
sei qu'eu precisaria mudar.
E nas adjacências dessa situação
(vendo o contexto do lado de fora)
fui conferir o martírio do meu julgamento.
Percebi qu'eu mesmo era réu, o acusador e o juiz.
Na farsa da ocasião,
fez-se sentido a santíssima trindade (ode à religião)
fez-se sentido a tripartição de poderes (ode à Montesquieu).
Eu ria, chorava, e nada sentia ao mesmo tempo,
naquele momento,
não entendendo s'eu estava triste ou feliz.
Vi que o tudo é o nada.
E o nada, é nada mesmo...
Tudo é mentira. Tudo é verdade.
O certo e o errado, de suas convicções esquecidos (arredios),
deitam aquecidos (vadios) na mesma cama de casal.
E a escolha de uma decisão - inda que efêmera e abissal,
apenas se dedica ao que se-lhe convém.
E nesse fantasioso vai-e-vém,
clamei com proficiência em auto-defesa - ad hoc - minh'absolvição.
Na realidade - tanto-me faz se n'altura da vida,
pela idade que hoje eu conto,
sobrevier à mim, a condenação.
O mundo é e sempre será um faz-de-conta...
Não me importa mais o julgar de quem olha pelo lado de fora.
Daquilo que eu fiz, faço, farei... somente eu pagarei a conta.
(fim)
OBS: ao ler o poema, escolha você, leitor, o título que mais te convém:
(i) Adjacências; ou
(ii) Julgamento.
E leia de novo o poema, no mesmo momento.
Antonio Jadel
Enviado por Antonio Jadel em 30/07/2018
Alterado em 31/07/2018
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