DIGITAIS DO RELÓGIO
Desperto em calmaria,
na penumbra do meu momento de agora.
Sinto meus olhos dormentes - pouco contentes,
enquanto o corpo segue vaidoso de ser o que é.
Não há desalento,
'penas a consciência,
(percebo que o passado já foi)
da necessidade do meditar pra aliviar o sofrimento da dor.
Pertinências...
Sei que minha rotina é anual.
Tudo é (foi) sempre igual.
Rodopio em busca do que?
(talvez seja amar o amor)
Se a resposta é feita da minha própria ilusão.
ConvenIências...
Em verdade,
não nego que meu corpo combina com o teu,
porque confirmo que semelhantes se atraem,
e os opostos se reprimem.
O encaixe é nosso propósito.
Por óbvio.
Evidências...
Mas as figuras de nossos rostos,
- que se olham vaidosos -
riem ausências...
Ah, existência...
porque brincas comigo como s'eu fosse um boneco de pano?
Sou carne & osso.
Sinto frio, sede, fome e calor.
Minh'alma, essa vagueia.
Reticências...
Enquanto isso,
as digitais do relógio marcam o mesmo número.
Hora, minuto e segundo.
... eis que o tempo pede à si próprio: abstinências...
Sei por isso,
acolher a simbologia.
O tempo me pede 'ntão paciência.
Não preciso abraçar o desespero arredio deste mundo.
O amor sentido é (e foi) profundo.
A vida vivida não é só demagogia.
É mais do que isso: é magia.
Coincidências...
Antonio Jadel
Enviado por Antonio Jadel em 28/06/2018