EU(s)

EU(s)

De quantos eu's sou feito,
meus eu's formados?
                         esculpidos em mim;

Em quantos eu's me caibo,
meus eu's formatos?
                         será que foram sempre assim?

Por que em tantos eu's me vejo - e sinto,
em molduras do meu ante-palácio,
fidalgos
fracassos
fortes ou fracos,
feitos d'aços ou panos;
Escaldados, calados,
coloridos, 
em estilhaços d'alma,
e atinados em vícios e compromissos,
sem rédeas do início ao fim.

De quantos eu's me aproximo?
será que fico, assino,
fujo ou martirizo ?

O que devo aos meus eu's contemplar?
Devo-lhes tributos, à todos?

Ah, mas todos são tolos, 
                         (ao que parecem)
então... donde estão os meus créditos?
                         (fenecem)

Não creio que em tantos eu's, eu mesmo seja eu,
                         (será?)
contanto,
aquilo qu'em todos nós,
                         (não vocês, meus eu's)
vivam as mínguas gírias & mitologias,
ao passo que façam à mim, apologias de um semideus.

Se todos são um,
(meus eu's)
um certamente são todos.

Ah,
não sabem eles (meus eu's)
quem realmente sou,
... nem mesmo sabe, verdadeiramente, eu.

(fim)