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FUNDO DO POÇOFUNDO DO POÇO
Não,
não queira qu'eu te salve do fundo do poço.
Não posso.
Não me tenho disposto,
nem pronto, ao ponto.
O que me dita ao fato, é o oposto.
Inda que profundo o poço,
- não m'encosto -
e à mim o roer das unhas, sem endosso,
é algo tosco.
E fico parado... sem o encontro,
sem qualquer esboço,
como um'alma indagante do nada.
Nada ouço...
Não,
não me ponha sua fé em tino ou alvoroço.
Sou homem bandido, introvertido-moço,
da vida varrido,
e o sufoco da vida impõe à mim (e à ti),
o que é pra roer: o osso.
A comida é pequena,
no café, no jantar e no almoço.
Assim, menina-mulher,
não te salvo nem mesmo à mim...
então corro,
aos poucos - não de medo - desfaleço,
e tropeço... e caio bem onde me caibo,
lá no fund'onde estás,
sem entoar nada d' novo,
e contigo eu fico,
- que estorvo -
bem lá no fundo,
'ntão morro.
No fundo do poço...
(fim)
Poesia subsequente-subliminar: Espelho D'agua
Do espelho d'água é que tenho medo.
Não mato mia sede,
não me banho - não molha,
e o reflexo de sua verdade-mentira,
(sou eu que vejo)
é distorcido.
Antonio Jadel
Enviado por Antonio Jadel em 02/03/2018
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