VÍCIO
VÍCIO
O vício que me declina,
não muito destrói,
de leve, meu bálsamo corrói,
e acena à mim em vão, n'esquina,
sorri,
descortina, e pela alma pura que rezo,
eu peço,
e em si, à sorte, ele inclina.
O vício que me ensina,
fabrica emoções,
fascina;
esse vício-martírio,
- abnublado ao risco -
tentado à menudo,
volta-e-meia vai 'mbora,
(mas não some)
me deixa só, perdido,
(e não fica)
e ao aviso não proferido,
contido,
cai na pendência de sua mor providência,
sendo o indício de que nem tudo termina...
pois o fim de algo - mesmo fidalgo - é sempre o início,
dum renovado vício,
eis minha sina...