UM TOQUE DA SAUDADE
UM TOQUE DA SAUDADE
A um toque do destino,
há um toque do improviso.
E o qu'eu vejo não é só amargor,
mas também o regozijo.
Naquilo que me atino, me assumo,
e acalmo,
penduro mias chuteiras cansadas do mormaço dos pés,
e vou,
em verdade vôo,
'té o mais alto paredão de granito.
Onde busco mia solidão, e pro nada eu grito...
Grito como ninguém,
à espera d'alguém... como você,
que veio, foi, mas marcou sua presença e ficou.
E ficou tão sólida na minha querência,
que sua imagem não rara, não falha.
Sapiente, contra o meu não-querer, atenta.
Ah, saudade,
volta-e-meia recolho seus loiros-cabelos ao chão.
Mas não os limpo... deixo-os de volta,
soltos, ao 'revoir',
que ao caírem, fixam-se,
como se fosse manchas que rastreiam o meu caminho,
porque talvez aqui, seja o seu lugar.
Há um toque do destino,
e o improviso do nosso encontro,
a um toque do meu querer,
me consola.
Ah, saudade,
vem e abraça o meu mistério.
É isso qu'eu quero, sério.