PAPEL PICADO
PAPEL PICADO
Não vou e não quero sofrer a dor de dores alheias.
Meus males já dormem comigo,
e não são socialmente compartilhados,
nem distribuídos,
nem são optativos, à mim,
e à quem queira sorrir o social.
Da insolidez bastam memórias,
dissolvidas,
em tez,
como se fossem pequenos grãos de areias.
Nada invejo ao que me possa ser um sentimento fugaz.
Cada um com sua dor.
Cada um com seu arqueótipo de amor.
Cada um que plante sua flor.
Entre meus medos, busco talvez não ser encontrado.
Ser declarado em tal perfeito juízo,
como em 'lugar incerto e não sabido'.
Mas do atrevido à falta dum simples desejo - respeito,
a solidez do meu direito é como papel picado.
Faz festejo em festa.
Joga-se pro alto...
tudo é colorido...
Mas ao vento é pulverizado, espalhado,
e porisso enfraquecido,
e pro lixo vai.
Não vou e não quero sofrer a dor de dores alheias.
Bastam-me as minhas,
- ao meu parecer -
as quais escrevo em papel - poesias,
e nem muito sei o que com elas,
eu posso fazer.