DENTRO DE SI
DENTRO DE SI
Vivia insolente uma vastidão de naturais abcessos,
descrente,
escassos eram os seus sucessos,
pois havia dentro de si...
um buraco negro,
rachaduras doídas,
um poço profundo,
um cenote não belo, sem volta,
um precipício,
um oceano revolto,
um deserto inóspito,
um tenebroso pântano,
uma mata escura e fechada,
nuvens carregadas,
espinhos feridos (sem flores),
trovoadas,
geleiras enormes, sem cores, sem fim...
Mas batida sua cara num choque defronte dum iceberg,
o despertar de sua glória,
em escalada...
E ao topo-montanha chegado,
vislumbrou o sol (há raios de luz),
contemplou a linha do horizonte.
E de dentro de si, não mais imerso,
o escárnio foi posto pra fora,
e tudo tornou-se tão belo.
Restou o incontroverso.
O inverso.
Foi belo.
Mudou...