ACOLHIMENTO
ACOLHIMENTO
Acolho a dor,
porque a que sinto, é mor,
e dói muito mais que nela (de quem tá de fora).
Dói tanto ao disparate,
que ofusca a paz que à mim rondava em sentinela.
E o meu conforto caído 'de quatro',
p'rece que de mim não tem piedade,
vez que consigo segregou a sorte,
e comungou a indecisão.
Acolho o grito.
Escuto. Lhe ouço.
Destempero o momento.
Aguço o sentimento.
E não fujo da escolha por decidir qual teria sido o melhor rito.
A escolha é palpável, e é certa por quem a faz,
e porque o faz,
inda que depois de tudo nos tragam comida fria,
pra ser deglutida na esquina,
como se fosse único direito à ser comprado.
O propósito há de ser compensado...
E se houve deslizes, quem há de comprar o livro da salvação?
Ninguém!
Então impropérios lançados serão verbos de poesia.
Inda bem! Defronte ao perdão,
lategadas palavras terão efeitos de heresia.
Afinal, se só nos cabe somente a verdade,
colimas in glória,
toda lógica é ilógica,
toda leitura será imprópria,
dizer por dizer será mera vaidade,
o texto escrito será só um pretexto,
do escolhido (escorreito) viés, contexto.
Mas... mesmo depois de tudo.
De farpas e tal como guerra - Canudos,
mártir do nada,
não me recolho,
e acolho a fé.
Como quem anda a pé,
não sem destino ... mas sempre passo adiante,
tratando da dor (pra que fique contida),
entendendo o grito (pra que tenha sentido),
aquecendo o espírito (enleiante),
deveras, confiante.
(fim)
"Os erros são parte da essência humana.
Mas acolhida n'alma a humildade,
- o reconhecer -
eis aqui, um pouco da nossa sublime dignidade".