DIÁLOGO
DIÁLOGO
Abrolhos...
desperto sereno da quentura-ternura dos cobertores.
Há sonhos incompreendidos.
Isso qu'eu vejo, aturdido.
É que a vida é feita de amores,
(dizem assim os poetas)
por isso,
externo na mesa do café da manhã,
numa bendita-estranha oscilação,
o sonhado diálogo da imaginação.
O que ficou para trás chora o tempo perdido.
O que é por hoje anda a pé.
O que há de vir reclama o texto não estudado - algo não lido.
Entre os ditados do vai-e-vem,
não me cabe entender o porquê.
O que basta é viver...
Mas não nego a vontade de uma explicação.
Então fico a esmo... ermo...
Cara-a-cara, entre termos, bebo sem me'mbriagar,
Não tenho diálogo comigo mesmo.
Não qu'eu ande perdido.
O encontro é inóspito.
Não me tenho por surdo ou mudo.
Mas é que não abro mia boca. Nada falo, me calo.
Não manifesto conceitos.
Fecho os ouvidos, tapo. Finjo que não escuto.
Desconecto-me dos meus defeitos.
E nesse diálogo da mente,
apenas os olhos - subservientes,
é que sentem,
e me tenho por sábio,
sem muito me situar,
mas aos revés,
de tudo,
satisfeito.
(fim)
Poema subsequente-subliminar:
E toca no rádio-relógio o 'despertar':
- são pontualmente seis horas da manhã!
Pós propaganda,
a clássica música segue em seguida,
e na vida,
o que me fez levantar,
não foi a esperança nem o porvir,
foi a rotina.