VOLÁTIL
VOLÁTIL
Eis que volátil (sua natureza),
e que não escorre, pois molhado não és;
porisso não se marca volúvel,
não se escolhe, nem muito se encolhe,
da sorte recorre,
e não se vê mui solto aos ventos,
em guardas internas há intentos,
vezes preso em si,
(por mim e por ti)
perfeitos ou não,
'a menudo', contentos,
(anunciação)
e amiúde, fraquejos,
ao marco d'um minuto alheio, que é muito,
há fortes ensejos, alhures.
Eis que volátil - e não chora a tristeza,
banca alegria,
esconde a fraqueza,
mas quando se olha pra trás: só se sente a dor no peito.
Na cabeça, o ar é rarefeito,
por dentro a destreza: arrependimentos...
Talvez o grito da fera ecoe melhor,
em mais soltos campos e em novos sóis;
já o agouro de agora é chuva,
que pinga em lágrimas numa romaria,
e n'outra face da terra,
- enquanto o piano medita a calmaria -
algo se encerra;
melhores adendos se espera, quem sabe...
... o que dói e constrói,
volátil que é,
o meu sentimento.
(fim)
Poema subsequente subliminar:
'Neste momento que agora eu te conheço, Vida:
- muito prazer!
- eu me chamo de mim!'