SUSSURROS
SUSSURROS
E o sussurro escutado n'ouvido,
pede um silêncio,
grita um segundo,
e tudo fica mudo.
Por que o mundo, astuto, não muda;
e cai na escuta,
nos antros por baixo dos panos das negociatas,
dos sem camisas e das belas gravatas,
dos sopros do além sem vento,
ao aquém de um acolhimento,
do fundo do poço - bem fundo,
dos buracos no escuro da alma,
da morte e da vida sem calma,
de quebras e romarias,
dos desatinos,
dos desalmados,
dos fodidos, caídos, malgrados, mal pagos,
e desafortunados,
perdidos, sozinhos,
e destituídos.
Sem nada, por nada,
uma vira irada,
e braçacadas cansadas em nados ao centro de um oceano sem fim.
Somos quem podemos ser...
Somos quem queremos ser...
Somos quem somos porque assim estamos...
E um pouco de tudo, inda que em sussurros,
do que podemos, queremos, somos e estamos,
(nos enganamos)
nos altos e baixos,
n'escuta do ouvido - que arrepia,
entre o amor e a dor que infere o dilema e não fere o poema,
- ditadas palavras e sentimentos -
é 'solamente unos versos, en poesia'.
Antonio Jadel
Enviado por Antonio Jadel em 19/05/2017