CARNAVAL
A dança ilusória que se propaga ao meio-final do mês,
alivia os encargos diários,
refresca o calor que faz mal aos sensatos,
seja por bem,
seja por mal.
E o que se sente no hemisfério de sua boca,
é um gosto secreto de pimenta ardida,
recrudescida,
patrocinada pelo não (uma recusa),
- normal -
ao convite de um carnaval.
Foi descrente o convite.
Queria ele um passatempo.
Foi sincera a recusa.
Não queria ela nada de momento.
E o que sente nas pálpebras do seu coração,
é um regozijo,
bendito, mas carnívoro,
diante de uma multidão que dança e sorri,
com bebidas nas mãos,
gritando e cantando 'laiá - laiá',
sem mesmo saber o porquê.
Favas na escuta...
e a coletiva loucura que contamina a multidão,
- pobres no seu orçamento -
exige pra si um perdão,
posto que passada essa situação,
tudo voltar-se-á ao normal...
(inclusive a pobreza)
Folias em festas,
benditas as algazarras,
bebidas em prol de um sorriso,
e morte aos desavisados.
Folias em festas,
depredação em geral,
quebra-se tudo em nome da alegria,
Tudo bem... vale-a-pena...
- a pobreza permanece -
mas hoje é carnaval...
obs: publicado meio fora de tempo... mas pra arte poética, tá valendo!
Antonio Jadel
Enviado por Antonio Jadel em 06/05/2017