AH, O AMOR (Partes I, II, III)
AH, O AMOR (Partes I, II, III)
PARTE (I)
Pleno,
complexo,
prolixo,
ah, o amor...
... plantado em pântanos não planejados,
eis que medonhos - 'mbora queridos,
e sem pleitos atendidos, sortidos,
pálidos sonhos ficaram perdidos afora,
plácidos,
escritos em pledges,
e pendentes acerca do palco do espetáculo.
Ah, o amor...
platônico, randômico, cômico.
Tudo é festa. Tudo é alegria.
E a ironia é o irônico.
E aquilo que não for amor,
não é...
pois é...
mas é algo em si - que não seja espectro,
eis que plausível no seu existir - um fulgor -
contra a vingânça que vige do seu próprio favor;
e tudo é um simples quinhão...
(... mesmo não sendo amor).
PARTE (II)
Ah, o amor...
quando belo (rima com flor),
quando egoísta (rima com dor),
quando quente à paixão (rima com ardor, fervor, calor),
quando então distraído (rima seja lá com o que for),
e nada à opor,
Ah, o amor...
sempre disposto ao mistério - que não me engane -
faça-me então o favor,
mas que tudo valha ao bom humor,
eis que ao grito do colorido (rima com cor),
quando feito em teatro (é rima de ator, à maestria do seu censor),
quando sério demais (rimas contidas ao ventre, ao seu dispor)
quando então sincero - inda que entre parênteses, a um tempo (in)determinado (rima consigo mesmo, mostra valor),
e repete o fonema (rima consigo mesmo - quando sincero, o amor).
PARTE (III)
E entre corpos de dois amantes,
apegados atados ao tato,
aponta-se a conclusão, o vetor,
na lascívia bendita,
carnificina querida (sem terror ou temor),
beligerante afago sem dor,
púdicas sádicas-santas aos seus mistérios,
por um ou por outro,
nesse ato de amor,
não há devedor,
(vê-se) somente credor;
Ah, o amor...
E entre corpos de dois amantes,
se não tatuados n'alma,
ao bem que se dito - disse 'pra sempre',
quebra-se o copo (estilhaços),
perde o valor... sobram 'pedaços',
mesmo que tenha-se ao tempo - fatos, brilhos de diamantes.
Ah, o amor...