1° DE ABRIL
1º DE ABRIL
O espelho não engana a alma de um poeta;
Pois tudo que é tão mui caro,
nos vem (lhe vai) à sorte,
talvez seja até mesmo pela loucura,
dum desvario;
Ou pelo sentido anímico,
do seu faro...
E nas dúvidas cruéis que nublam passagens,
aos olhos distintos,
vermelhos,
opacos,
restam perdidas e longínquas imagens.
E tudo lhe parece efêmero...
E tudo lhe vem em sonhos...
E tudo passa tão rápido demais,
que nem dá pra anotar,
nas páginas de agendas,
em folhas seguidas, tingidas, por vertigens desiguais.
E agora José? (Paulo Diniz)
Se na mesa farta que te parece,
tem mais prece do que comida,
ao desejo que se te lhe apetece.
Vai filho! Vai homem!
Vai, pobre... e busca suporte no teu 'deus'.
Busca José, o teu intuito, reles furtiva, n'algo fortuito, frutífera.
E traga à mim (à nós) desejos fartos,
que mínguas da realidade,
possam mesmo é ser vividos...
Gozados e aproveitados...
Deixemos de lado, então, a miragem do carnaval.
Traga à este dia - ao 1º de abril,
talvez - àquilo que queres,
que possa chamar num pífio segundo,
ao que teu trabalho pariu,
de concreta realidade,
fantasias à parte,
máscaras,
abdulação, falso ou falsidade,
e que não seja o lado negro do espelho (já dito pois, que não engana o poeta)
algo, ao tato das mãos, sentido,
algo, pra ser vivido,
algo, 'de verdade'.