O BOBO
O BOBO
Havia nele um talento na escrita.
Sabedoria ímpar, no seu anonimato.
Sabia ter ganhos intermitentes, contínuos,
declinados ao seu portfólio de anotações.
Era acima da média,
sentia-se só, todavia,
Superior ao comum, sem dúvida alguma...
Era digno de se ocupar da cadeira do rei.
Bastava o querer.
Mas...
... por uma louca paixão que lhe acometeu - pela donzela,
largou tudo ao revés,
abandonou os estudos,
rasgou seu paletó,
e fugiu do comércio de modo astuto.
Estava tomado pelo veneno do cupido alheio.
E naquela paixão mergulhou de cabeça,
acelerou seu possante, sem freios.
Bobo que só, gritou sua independência - por amor;
Mas logo logo quedou-se na dor,
e caiu de mal jeito - sem jeito, quebrado,
e de queixo ao chão - estatelado,
quando soube que era traído,
e jamais da donzela seria o marido...
... morreu.
Triste fim para o cidadão,
que nem mesmo se sabe se foi para o céu.
A donzela?
Tampouco da sua morte sentiu,
vive à tôa, à vontade, sentidos ao léu,
segue sua vida aos cantos (sem prantos) e gozos,
com o seu novo pretendente fiel.
Antonio Jadel
Enviado por Antonio Jadel em 24/03/2017