MISTÉRIOS
MISTÉRIOS
Ouço vozes em murmúrios,
mas não entendo a linguagem.
As palavras ditas por bocas intrusas,
me deixam confuso.
Tudo pra mim é um mistério.
Vejo reflexos, vultos inauditos,
que pela sorte de uma sugestão,
me indicam uma única passagem.
Mas as figuras que vejo dançam sem definição;
Não me acompanham,
muito menos me dizem respeito.
Caem diretas no tempo do meu caminhar.
Será que são assombração?
Ou o lado de lá, por detrás da imagem do espelho?
Continua pra mim o ar de um mistério.
Sinto um toque doído de anestesia,
cujo tato envolto ao sono,
me ensina o destino da longa viagem.
Não quero ir pra outro lugar,
não quero ir pra lugar nenhum.
Quero ficar aqui.
Quero apenas dormir...
sem sonhos ou pesadelos.
Sem mistérios ou atropelos.
E por mais que eu busque o compreender,
trago à risca doutrinas ditas no dicionário.
Não adianta... a dúvida proteje a cabeça,
o corpo e a alma,
como se fosse um guarda-chuvas gigante,
que não deixa pingar sabedoria ao meu entorno.
E adiante ao destino, perquirindo a compreensão,
dou passos contínuos num ritmo lógico.
E vejo a frente, com um ar de espanto,
que tanto os caminhos retos como os sinuosos,
todos eles bifurcam,
e apontam setas pra todo lugar;
E por ironia concluo que tanto faz a escolha,
é nesse momento eu sinto um 'tapa' na cara pro meu acordar,
talvez um propósito do Criador, ao jeito dum despautério,
e pra mim que busco o sentido,
tudo isso que passa,
tudo isso que é,
tudo isso que eu tento compreender,
p'rece que fica na mesma...
tudo isso é um mistério.