INEXORÁVEL
INEXORÁVEL
Aquele homem toma constantes goles de hipocrisia,
como quem nasce na noite de um sábado,
às vésperas da mudança do horário de verão;
Aquele homem veste fineza em seu terno azul de linho,
protegendo-se do clima ameno (tenso),
que lhe tira a consciência do que seja pecado ou perdão;
Aquele homem traveste-se de ator,
e por amor à mentira,
à crueldade ou tirania,
aplaca sua dor,
e revela por si, estar sempre em falsa noção,
daquilo que é bom,
e de que a vida lhe outorga insígnias de devoção;
E o mistério de ser e querer daquele homem,
não é sincero - mas é puro,
é sério e ambidestro,
e polivalente aos deuses do céus.
Torna-se um pouco de tudo,
contudo,
entre o mais e o menos, o médio;
Aquele homem não mais engana,
posto que chagas suplícios à sua cura.
E busca preencher vagas à sua colheita,
sentado ao tríduo trono - pela fé - à sua direita.
Aquele homem sou eu...
... e também é você...
e à toda sorte existente, ao fruto do inexorável,
seja indene ou permanente,
não há incúrias...
Somos todos nós 'quele homem,
inexoravelmente.