ÓPIO
ÓPIO
O ópio que me espanta o ódio,
transforma a realidade,
-faz-se lúdico -
exporta viagens
- tem-se o lúcido -
e embalsa n'alma, por óbvio,
num relance de abrolhos,
e sensações do inóspito,
o molhado escorrido do bendito-liberto óleo.
E nas vozes que ouço,
que digam (dizem), falam, murmuram,
me protejo escondendo (sem medo) do mundo alheio.
Arrefeceio, pois, as sensações.
Presto-me, pois, à todos, dar saudações.
Concedo à outrem, por ética ou por escusas,
meus sinceros ósculos...
que nada por si ostentam, senão meus embróglios.
Não há dúvidas daquilo qu'eu quero,
- mas eu não me afogo -
espero;
contesto, sorrio,
me entrego,
venero;
Se eu nego (?)(!)
intempero,
desespero;
e choro..
Dai-me de novo, Senhor,
por ordem,
ao passageiro da ilusão,
ou por apoio ao perdão,
mais uma dose de ópio,
sincero...
sem ódio,
o ópio,
eu quero!