A POESIA NÃO ESCRITA
A POESIA NÃO ESCRITA
Não vejo aos olhos da imaginação,
nem me vem à tona,
mais textos em glória proferidos pelo meu sentir;
tudo é silêncio,
anímico,
sem jeito e sem tema.
Não encontro o entusiamo,
tudo tá 'scuro,
e me falta tinta,
o papel,
a idéia
(um dilema),
nem mesmo a um pífio roteiro que se possa escolher.
Eu sinto que nada mais eu sinto.
É o prognóstico - diagnóstico,
do meu pouco querer.
Nada tenho à escrever.
Parece que vai mal...
entre voltas, volver,
afinal,
palavras nem sempre traduzem o ideal.
E o acalanto pra quem nada faz,
é a mesmice do dia-a-dia,
que jaz...
... e que mata como doença silenciosa.
A febre da inconstância é nebulosa,
perigosa,
indecorosa.
E tira do cerne da questão,
à mão,
a vã ou vil inspiração.
Ah, quimeras,
quisera eu deixar registrado o encanto da poesia,
ainda que ao riscos de canivete,
navalha,
que traçam o corte no caule d'árvore cheia.
Estaria assim grato ao meu bom grado.
Sentiria júbilos, ao calor d'emoção,
tal qual a quentura do sangue que corre na veia.
Mas ao infâmio da preguiça,
- que me toma conta -
- e não me atiça -
resta-me por qualquer conceito ou contexto,
a ausência de tudo,
o nada,
a hipocrisia.
Melhor então... até mesmo pra poesia,
me recolher,
silenciar,
e nada escrever.
Antonio Jadel
Enviado por Antonio Jadel em 13/01/2017
Alterado em 13/01/2017