Antonio Jadel

Entre Sonhos & Poesias, a realidade do dia-a-dia.

Textos

A FOME

Não seria um quase nada,
ao menos,
se tudo fosse um pouco correto,
num prato, na mesa, 
distribuídos, 
em variados grãos - o seguir - ao limite do certo,
do adequado e do necessário, na boca dos homens. 

          Mas a indecisão comanda o destino...
          E o destino é traçado pelos homens de boa vontade...
          E a boa vontade se declina em prol da econômica safra,
          que engole voraz quem nada tem,
          e oferta demais aos abastados, dando-lhe o vintém.  

Sacrilégios gerais ao afirmar esta contradição.  
Mas a verdade se estampa na publicidade. É o que vemos. 

Sinto-me lânguido e nauseabundo. 
A economia distoa o sentido dos homens (de má vontade), 
tornando-os reféns de si mesmo. 
Todos são (in)confessáveis vagabundos. 
P'rece que não se vê trabalho sincero em favor do mundo. 

Pois... se não se mata a fome, 
ela vem e nos mata, consome.

          Mas reza-se a missa aos domingos, 
          pra semana vindoura continuar a ser o que era... 
          E o que era (por infâmia),
          tende a ser o de sempre, e o que sempre será.

          A fome é amiga de quem a sente, 
          pois com ele, compartilha sua dor. 
          E continua presente, traçando laços com a humanidade, 
          laços de um mentiroso amor.

O melhor feito pra saná-la, promulgaria uma geral aptidão de sorrisos.
Em favor de tudo e de todos,
um beneplácito comum, 
e o prato na mesa estaria cheio,
embora rachado, com fissuras da fome refugiada.

Poderia a 'puttanesca' fome estar escassa.
Condenada ao desaparecimento.
Desamparada de sua sorte.
Viúva do seu porvir.
Renegada ao esquecimento. 
Sozinha na contramão. 
Perdida num canto qualquer. 
Carente do seu propósito.
Recebendo a sua extrema-unção, sem nenhuma dose de perdão. 

Mas o que se vê é a parca distribuição da colheita.
Planta-se muito (trabalho),
Colhe-se muito (os frutos),
Divide-se pouco (entre o povo).
E aquilo que era justo, torna-se injusto,
na sua fé relutante,
e no falso amor (periclitante) que se auto-proclama ser bruto.

A fome?!
Não é só do alimento. 
E é fácil de se dizer ou explicar.
Até mesmo no seu didático grau do poetar. 
Sua doutrina já tem pós-graduação. 
Todos por ela são estudados. 
Mas, de antemão, que não se olvide o valor humano,
ao calor de um'a reflexão. 
Difícil... é senti-la. 
Antonio Jadel
Enviado por Antonio Jadel em 24/12/2016


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