UM CORAÇÃO DE PEDRA
UM CORAÇÃO DE PEDRA
Disseram-me um dia, outrora,
que meu coração era feito de pedra.
Meio que duro,
insensível (não insensato),
sem fundamento - talvez,
ou gelado demais (diriam alguns).
O outrora passou. Hoje a hora é do agora.
O ditado é que me faz firme na ocasião.
E as vistas que tenho (humildes) elevo distintas à frente, sem pudor,
mas convicto e imponente.
E quando leio poemas,
não só compartilho o bem-querer dos poetas.
Eu teço o meu mel (e bebo),
eu contabilizo histórias,
e vejo memórias - alheias,
augustas e argúrias, climas do inesperado,
propósitos das vivências anônimas,
e eu sinto... (não o vazio - o macio)
e deito no solo da comunhão.
Meus olhos brilham de lágrimas,
e o que bate à porta da misericórdia é a imensidão.
Eu fico atônito ao segundo que passa.
Calo minhas bobagens.
Ressalto apenas as virtudes, embora em silêncio.
Eu não mais me nego - nem me contemplo.
Sentencio, enfim, o meu próprio perdão.
Ah, agora eu sinto mais.
O arrepio é intenso ao corpo todo,
e eu sou...
pois meu coração singelo ao sensível,
penetra, permeia.
E o que era pedra, já não é mais. Porque dissolve...
como palavras em poesias,
... em grãos de areia.