FAZ-DE-CONTA
FAZ-DE-CONTA
Deram-me o nunca,
Outorgaram-me o nada,
Ofereceram-me o vazio,
Ensinaram-me somente a pagar tributos,
Entregaram-me apenas as ilusões,
e o impossível ditava os sonhos de minha alma,
que adormecida,
não tinha coragem pro despertar.
O mundo era realmente um 'faz-de-conta'.
As ordens eram de todos e alheias,
e o que me cabia, era somente o obedecer.
De resto, o fenecer...
As roupas que me cabiam eram na justa medida.
Não tinham folgas de conforto,
e aniquilavam meus movimentos.
O mundo e o seu 'faz-de-conta' era o meu sempre,
o mesmo permanecer.
Do intróito ao epílogo, não havia o acontecer.
Até que outrora revoltei-me contra o criador.
Expulsei-o de dentro de mim - relutante - não mais queria sentir a dor.
Vá-se deus, o diabo, e o raio-que-o-parta...
E num gesto de salvação,
das minha culpas, expiação,
o meu 'faz-de-contas' se transformou.
Sorrindo entre palmas e salvas,
ao que tudo plantei (de fé), colhi e senti... minhas lavras...
e a realidade me pareceu presente,
vingadoura no bom sentido,
e tal como o dito 'de carne e osso', vi que meus sonhos eram palpáveis.
... e a tudo eu transformei,
... e transformei tudo em palavras.