MENTIRAS
MENTIRAS
Eu deitado, escuto,
acordes que tocam o acordar do meu sono,
badalos de sinos que bailam o encontro,
e ao som que se escuta em harmonia,
após os meus sonhos,
eu levanto,
e sinto que tilintam vozes uníssonas ao canto do amor.
Eu na dúvida, imagino,
será outro sonho? ou poesia?
uma só verdade ou infinitas mentiras?
eu não sei...
Mas eu vejo você (ainda não quero),
penso assim..
E você vem direto à mim,
desfilando orgulhos,
enquanto luzes intermitentes que não ofuscam,
piscam, piscam, piscam...
e me entorpecem demais, a consciência.
E nossos olhares entre olhos distintos,
cheios de instintos,
direto se cruzam,
mas em verdade não sei se se buscam...
Me sinto em rodeios,
entre o sim e o não.
Entre a vontade desse querer,
oscilação.
Eu confuso,
e vem você marcando espaço,
livre do seu cansaço,
vestido de seda chinesa,
com pérolas que se misturam a lantejoulas
(os adornos são necessários),
e brilhos intactos do seu faz-de-conta.
Teu caminhar é sensato, mas pouco cheio de glórias.
Passo-por-passo, cadenciado,
sorriso às avessas - forçado - como quem masca chicletes sem sabor.
Em silêncio você diz que me quer,
sem mesmo saber o porque.
Teu sexo é molhado, suado, cheio de sua vontade,
e exala um cheiro de acasalamento.
Eu perdido, desconexo,
nem muito sei o que dizer.
Sinto-me cético.
Mas... o que vale é o amor.
diz assim o ditado.
Somos então diferentes.
Eu pacato (quero ficar no meu canto),
mas sinto demais o tezão,
você mais 'pra frente' (quer viver o encanto),
procura a emoção.
Será que dá casamento?
Talvez seja o 'sim', quem sabe,
embora distintos em desafios,
diferentes desejos,
Não nego...
Tuas mentiras - ainda que em vaidosos desfiles,
Fazem bem pro meu ser,
Fazem bem pro meu ego.
