DIÁLOGO COM O MEDO
DIÁLOGO COM O MEDO
O medo aparece à distância.
Charmoso em sua nobre elegância,
Expondo arrogância.
Tem ele o seu cruel anonimato.
E não nos marca o '
venha à nós o vosso reino'.
O medo não é patrão. Nem líder agraciado.
Mas é um 'filho-da-puta' respeitado.
Dono de si mesmo e por nós (in)conscientemente alimentado.
Cruza caminhos para nos deportar para o nada...
E de nada, o troco. Sem regras.
Que se troca na prisão do não fazer acontecer.
Inanimação completa do ser.
Ah, medo. Sentimento etéreo.
Passageiro. Embriagante d'alma... é isso.
Mas a reflexão fica ao olhar pra dentro de si (de nós).
E neste então, o íntimo da conversa (sem qualquer louvor) lhe diz:
- Entendo-lhe, senhor cavalheiro.
- Respeito-o, como mandas o figurino.
- Reconheço-o, de antemão.
- Tu (medo) és forte, porque tens a fúrias de um dragão.
- Mas em verdade, sou mais eu nas minhas potências pujanças. Quero dominá-lo, vertente... sem dó. Mantê-lo preso e contido, na palma das minhas mãos.
E o medo entende o desafio.
E o medo assim se retrai.
E o medo se recolhe. Totalmente (o medo) se esvai.