ESTÁTUA DE DAVID
ESTÁTUA DE DAVID
Petrificada à minha frente,
Olhos ligeiros tortos ao lado esquerdo.
Esbelto corpo, um renascimento do querer acontecer.
E de direito, preceitos e anseios,
Os meus direitos pela glória em conhecer-lo.
E ele também, à mim...
E ambos felizes pelo parco encontro.
E de beleza extrema - não efêmera,
Confesso que sou mas bonito... porque vivo.
Respiro,
Sinto,
Penso,
E não me calo.
Sou carne e osso.
Alma doída, alma graúda, alma vivida.
E David é quieto. Parado.
Alma contida.
Um sentimento anestesiado.
Talvez por isso seja um sábio,
Porque não erra ao dissabor de nenhum comentário.
E ao mundo todo, muito mais do que eu,
Que me asseguro que sou mais bonito,
Ninguém dá o mesmo valor...
Ele é visitado, agraciado e contemplado.
Será eterno ao contemporâneo.
Um alguém em obra de louvor.
Eu, após o meu tempo,
Rirei risos ao meu dissabor,
David, sempre será lembrado - amado,
Eu serei só poesias do meu tempo vivido,
Do futuro longínquo (quiçá), lembranças do meu passado.
Antonio Jadel
Enviado por Antonio Jadel em 11/07/2016
Alterado em 23/04/2017