CASA VAZIA
CASA VAZIA
A bela mansão na esquina,
A predisposição de um rico bairro.
Página constante nos anais municipais.
Outrora com festas de debutantes,
E um terraço à tira-gosto, totalmente exuberante.
Estupenda criação do arquiteto.
A construção, um esmero.
Pintura exemplar.
Nada à se contestar.
Pétalas de diamantes,
E um jardim 'zoologicalmente' correto (ao palavreado moderno).
Tudo vigora a mensagem do que seria o eterno.
Por dentro, uma estante de marfim orna o ambiente.
Lareiras nos aposentos... ares solares contentes e quentes.
O inverno é só um glamour, passageiro.
Mobília estrangeira de natureza rara (cara).
E caras e bocas em quadros dependurados,
Pinturas, esculturas, molduras.
Livros didáticos (empoeirados),
E romances consumidos ao sabor do cupim.
O cheiro que exala é um frescor de rubi.
Festas, festas e mais festas. Festas sem fim.
Tópicos halls de passagens,
Quartos enigmáticos. Emblemáticos pelos suores de amor...
Cálidos momentos...
Entre damas & cavalheiros.
Com homens & mulheres.
Feitos por senhores & senhoras.
Por entre jovens abastados,
E políticos (de alta envergadura) & prostitutas (com armaduras).
E o tempo passou.
Consumiu-se o aposento.
Ao preço combinado, o engravatado não pagou...
Quis o calote praquilo que se tratou.
Então a casa fechou, face ao noticiário policial.
Foi mal...
Um crime cruel. Com sangue após o pecado. Sem culpa.
Martírios de 'Madalenas' (que pena...),
Vendo a foto deu-se até mesmo azia.
E ao final do todo, apitou o juiz o juízo final.
Depredação do cotidiano,
As festas ficaram prá trás (agora só em Brasília),
Ninguém lá por dentro. Desespero passado, agora é só abandono.
A casa hoje é vazia.
Antonio Jadel
Enviado por Antonio Jadel em 27/06/2016