SINGULAR
SINGULAR
O silêncio é do frio que me contempla,
A casa vazia, habitada apenas por literaturas,
E obras de arte. Núpcias à parte.
Beijos que cantam presença,
Múltiplas faces.
Cantam por si o além da sua existência.
Aqui dentro, sem falseios.
Tudo tão singular.
A fome se saciou. Comida feita na contramão,
Entre sós: eu e ninguém.
E os pés gélidos.
Indumentárias que não me faltam.
Teço o escudo em agasalho.
Mas o corpo pe(r)de calor.
Dignidade...
O amor? Foi-se... ou ficou ?!
A incógnita que em mim mesmo se desabrochou.
Foda-se ou não.
Tudo tão singular.
O complicado não mais me detém.
Auspícios de antemão.
Correias que me prendem e me tragam à invasão.
Correrias. Nas veias: um distante e constante vai-e-vém.
Do meu ser...
Daquilo que há de ser...
Do mais do que eu vejo e que possa ser...
E claudicante meu peito estufa à própria sorte.
Entoa um canto, estribilhos e emoção.
A vida é bela (sim eu sei), mas acaba em morte.
Força à parte, deixamos de ser fortes.
E aquele frio do começo que contemplava,
Continua, mas agora silencia.
E anuncia, sua singularidade.
Então, por dita-verdade,
Tem-se contínua, a mantença do inverno-estação.
E tudo que segue é tão singular.
Que o silêncio que paira e que dá o tom,
Se volta e escuta o clássico. Ouve-se o som, singular.
E nem mesmo interferem os concertos de Tchaikóvsky,
Não adianta o volume aumentar.
E nada acontece... por definição.
Tudo tão singular.
Que já não há mais refrão.
obs: melhor ler a poesia ao som de 'Abigail' (Saint Preux)
Antonio Jadel
Enviado por Antonio Jadel em 21/06/2016
Alterado em 21/10/2016