Antonio Jadel

Entre Sonhos & Poesias, a realidade do dia-a-dia.

Textos

SINGULAR

SINGULAR

O silêncio é do frio que me contempla,
A casa vazia, habitada apenas por literaturas,
E obras de arte. Núpcias à parte.
Beijos que cantam presença,
Múltiplas faces.
Cantam por si o além da sua existência.
Aqui dentro, sem falseios. 
Tudo tão singular.

A fome se saciou. Comida feita na contramão,
Entre sós: eu e ninguém. 
E os pés gélidos.
Indumentárias que não me faltam.
Teço o escudo em agasalho.
Mas o corpo pe(r)de calor.
Dignidade...
O amor? Foi-se... ou ficou ?!
A incógnita que em mim mesmo se desabrochou.
Foda-se ou não. 
Tudo tão singular.

O complicado não mais me detém.
Auspícios de antemão.
Correias que me prendem e me tragam à invasão.
Correrias. Nas veias: um distante e constante vai-e-vém.
Do meu ser...
Daquilo que há de ser...
Do mais do que eu vejo e que possa ser...
E claudicante meu peito estufa à própria sorte.
Entoa um canto, estribilhos e emoção. 
A vida é bela (sim eu sei), mas acaba em morte.
Força à parte, deixamos de ser fortes. 
E aquele frio do começo que contemplava,
Continua, mas agora silencia. 
E anuncia, sua singularidade.

Então, por dita-verdade, 
Tem-se contínua, a mantença do inverno-estação.
E tudo que segue é tão singular.
Que o silêncio que paira e que dá o tom,
Se volta e escuta o clássico. Ouve-se o som, singular. 
E nem mesmo interferem os concertos de Tchaikóvsky,  
Não adianta o volume aumentar. 
E nada acontece... por definição. 
Tudo tão singular. 
Que já não há mais refrão.



obs: melhor ler a poesia ao som de 'Abigail' (Saint Preux)
Antonio Jadel
Enviado por Antonio Jadel em 21/06/2016
Alterado em 21/10/2016


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