METÁFORAS

Enquanto que a tarde cai,
A música regurgita o seu melódico som poético.
O trânsito louco atropela o tormento da hora,
E o bálsamo do poeta é dedilhar palavras concretas.

Então tudo se dá num vai-e-vem da vida.
Na transposição do preto-e-branco em cores,
No amanhã que se escreve no dia de hoje.
Por entre pétalas de plantas alheias.
E pelo ventre dos perfumes exalados num fogão à gás.

Metáforas espalhadas ao centro da mesa - a vida,
Metáforas colhidas ao entorno do básico - o destino.
Metáforas de um sério palhaço pálido - o trabalho.
Metáforas das minhas veias - as emoções,
Nas quais correm sangues esquálidos - metáforas dos inválidos.

Então o espelho retrai a retina contida - o reflexo,
Uma alma lavada. De sustos...
Um corpo robusto, eis que pintado.
Um ser que busca suas metas (ainda inatingíveis),
E coisas plausíveis (imagináveis).
Metáforas entre o ser e o não ser - eis a questão.

Entre foras, metáforas - a rua,
Por dentro, foras me foram dados - por metas,
Da vida. Da sorte. Do amor... metáforas.