OS POETAS MENTEM
OS POETAS MENTEM
Ouvi um dia um escutar,
que me disseram,
Por dizer, sem rodeios ou permeios,
Palavras ditas num ataque sem confronto,
apenas dissabores de momento,
E que não gerou desconforto - não houve aborto de idéias...
Apenas reflexão...
Ao sentido que sentem,
Acusação, de que 'os poetas mentem'.
E por que mentem então os poetas?
Porque são ditadores do seu próprio coração!
Mentem porque são idólatras de uma geração sem perdão,
Porque pisam falso nos calabouços da alma,
Em plena escuridão,
E nos sóis da meia noite (em pleno meio dia),
E com risos escondidos,
Gozam de prazer.
O que mais se fazer?
Para compreender?
Os poetas escolhem horrores,
Escolhem amores,
Escolhem suas dores.
Não são incautos.
São medianos aos riscos corridos.
E não pisam em falso naquilo que querem.
Colhem safras com lampiões acesos de dia,
e porisso... na contradição, os poetas mentem...
Buscam carinhos por frases sem sentido;
E consentido na sua eternidade,
Soltam tópicos com nexo,
Sem piedade - fazem sexo - entre corpos & palavras.
Sem o propósito da criação.
Bravatas...
Os poetas vivem na luta, uma batuta,
Em busca do amor & paixão.
Na mente que mente, só permanente textos imaginários,
Perdulários. Candelabros, alianças,
De ouros, jóias e latas.
Pujanças e esperanças...
Tudo aptas e aptos às planilhas da criação.
São assim, portanto, mentirosos...
Escandalosos.
Falsos e enganadores...
Tudo sem pudores.
Oh, mentirosos poetas...
Dentro de ti, ceifam-se vidas?
Ou nascem vitórias?
Nem um nem outro. Poetas não matam...
As vezes contam contos contidos, contorcem-se,
Distorcem (e destroem) glórias.
Então os poetas são mesmo assim.
Porisso que mentem.
Escrevem começos, e meios sem fim.
São cálidos e experientes.
Refletem nas linhas escritas os contextos da sociedade,
Atrevida, maldita, bandida, fodida e atrevida (de novo).
E nada que é novo é reeditado ao mundo da poesia.
Os poetas vivem em maresia.
Brisas e tragos da mais pura bebida.
Vidas arredias.
Poetas solitários;
Poetas do povo;
Poetas de norte à sul;
Poetas do mundo (sem pátria);
Poetas da poesia.
Gritam apenas socorro.
Enquanto que tú, que se lhe olha,
que lê a leitura em páginas sangrias,
que executa e processa o seu grito de dor,
(não o seu, o do poeta)
Nada lhe faz pra estancar essa dor.
Nada faz (digo de novo), fecha os olhos,
Bate a porta. Veste a veste pueril.
E vira a sorte. Inerte na dor.
Tú é que tens uma alma sem valor (?!)
Quem mente, leitor ?
Os poetas que atribuem o viver a vida,
Tudo em flagelos de louvor?
Ou tú, num inóspito sentimento de querer entender,
sem nada à fazer?
Eis a imprecisão. Baixa-se a uma conclusão...
Os poetas (não) mentem!
Provocam expôr pra fora de si,
Tudo aquilo que sentem,
- loucuras ausentes -
Ao que está dentro de si.
Antonio Jadel
Enviado por Antonio Jadel em 27/05/2016