ZOMBO DA MORTE
ZOMBO DA MORTE
Quando ela chegar - a morte - ao tentar se aproximar,
Quero ela enganar...
Por si e por mim não deixá-la se encantar.
Vou enganá-la, já estando morto dentro de mim.
E não me pegará de surpresa.
Farei o meu zombo entre meus risos e desafios.
Estarei preso ao nada.
Ironizando os transeuntes no meio do passeio público.
Vestido no meu corpo nu.
Em pelo; pele extrema afora,
E agasalhos na minh'alma.
E o povo andando...
Vou ficar em anedotas.
Saboreando um chá de erva-cidreira,
Degustando os textos de Clarice Lispector,
Líteras palavras geniais.
Pensamentos esquizofrênicos (não bossais),
Que não são as loucuras do meu finado irmão
(ele já foi, descansou).
Então estarei ausente diante do meu espelho.
Zombando da morte...
Apaixonado por mim e por mil mulheres de Atenas,
Reveladas em música tensa, do poeta-cantor carioca...
Eu ficarei ao relento.
Sem casa. Sem teto. Sem abrigo.
Sem ocas ou ocos vazios. Ecos de brilhos passados.
E novamente eu, entre risos e desafios.
Zombando à quem espera de mim se entregar.
- Você não vai me achar! (vou gritar)
Eu já estarei vagando por lá....
A morte procura o eterno.
Ciclo constante da vida.
Mas eu já estarei morto. Por querências atrevidas.
Por dentro e fora de mim;
Será assim. Sem foco.
Demais para os outros.
Então... ficarei - talvez - em lembranças.
E a morte então vai chorar.
Porque ela me quer (e eu não me entrego),
Porque me tem diante de si (e não me vê),
Porque ela me almeja (e eu não lhe escuto).
Mas por outrora - a morte - tentará novamente me agradar.
Ela entristece de raiva. Não consegue me encontrar...
Parece piada, balela de um louco...
Tenho minhas sangrias em sentinela.
Eu já morri...
Meu filme já passou pela televisava tela.
E porisso, em franca ironia, da morte (que chora),
Eu rio...
Continuo zombando dela.
Antonio Jadel
Enviado por Antonio Jadel em 23/05/2016