COPOS VAZIOS
COPOS VAZIOS
Havia na sala roupas rasgadas
e peças íntimas dependuras no lustre a meia luz.
O aparelho de som ligado, sem a frequência de nenhuma estação,
e que fazia o onomatopeico ruído do '
shshshsh'.
E esse barulho não incomodava à ninguém...
O aspecto era sinistro, dava demais sensação.
Portas entre-abertas,
Vitrôs escancarados ao luar (ao caminho do amanhecer),
corpos caídos na cama do pequeno aposento
(estavam molhados),
Lençóis desmanchados,
e um pequeno rasgo no colchão.
Ao lado, copos vazios...
Nem um líquido dentro, nada havia, então.
A garrafa do destilado totalmente seca,
uma faca próximo a mão do varão,
que fora utilizada, de antemão.
Via-se muitas manchas de sangue no chão.
(...) Um crime cruel, diriam os menos atentos.
(...) Não !
Fora uma noite de amor, luxúria e paixão.
Entre si, eram corpos vadios.
Coitos e palavras insanas,
Beijos e muitas manhas,
Gozos muito sacanas.
Brincadeiras de um casal liberal.
Estrapolias de adultos, nada anormal.
E ao final do último ato,
Pra mais uma caipirinha, tentou-se cortar o limão.
Um descuido...
Um desajeito de ocasião...
E a batida fora no dedo, muito cortado o dedão,
E se embebedaram de novo (sem o limão),
Com o corte na mão,
Riram e choraram - era tudo ilusão.
Os copos vazios (ora já dito, então),
E sem se importarem com a situação,
Desmaiaram o casal no bendito sono,
a sedutora varoa e o descuidado varão.