O SILÊNCIO (II)
O SILÊNCIO (II)
E o silêncio aparece em frente, demasiado.
Contido, aparente, e assustado.
Não porque ele quer, mas pela ausência secreta dos sons,
Não vejo um tiro, não ouço um pio sequer aos ouvidos.
E nós... calamos a nossa boca,
Munidos do nada, fraquejados num vazio rarefeito.
Nem uma palavra, nem uma voz,
Nem um grito, nem um grunhido,
Nem um reclamo, nem um murmúrio.
Nada que tenha um tom, seja agudo, seja grave.
E por mais grave que as coisas aconteçam,
Diante do mundo, diante da gente...
Tanta violência alheia,
E o mudo do som, permanece pungente ao luar.
E quando então o silêncio atinge o seu apogeu,
(parece uma loucura)
Ele grita - estridente - de satisfação.
E nesse esboço do grito do silêncio, saindo dentro de si próprio, se pondo pra fora, se revelando em sua altiva manifestação,
Nós acordarmos. Nós despertamos.
Saímos então do nosso 'meditar',
Que consolação!
E concluímos que o silêncio nada mais é...
Do que o outro lado, de nossos gritos, de nossas palavras,
De nosso heroismo, de nossos fracassos,
Da pequenez e grandeza, das virtudes e fraquezas,
Em franca (in)satisfação.