AMOR ITINERANTE
AMOR ITINERANTE
Faço de min'vida aquilo que quero,
Penso, tenebroso - não temeroso - por algo inebriante.
Malévolos sonhos, infante.
E persigo bandeiras, um modo distante.
Sofro angústias constantes,
Conflitos por quem me caio,
Coisas de amante, e corro cedo,
Corro muito, corro veloz, corro passante,
Com passos largos, equidistantes.
De tudo que me fora mais nada, antes.
Sou e vivo, sempre, um amor itinerante.
Colho colheitas de várias riquezas,
E pendo por pedras-diamantes.
Brilhos fascinantes.
Inda que em vida, pouco instantes,
Sou e vivo, um amor itinerante, sempre.
E pela fome que maltrata o espírito,
Terno e tenso, já na fase minguante,
Mesmo que radiante (o brilho é calmo),
Uma ótica deturpada, mas cativante,
Então nada me basta, nunca é o bastante.
E qual será o meu destino?
Não vejo saída ao meu modo de ser.
Pra mim nada, ainda que tenho boa cabeça pensante,
Estou preso por cordas, correias, barbantes.
Tento fugir, por cima, por baixo, mais rastejante,
e não fico... vou adiante.
Nada que eu possa fazer, a todo momento,
todo instante, sempre algo marcante,
E ao meu belo estilo de ser - gritante - esse sou eu.
Sempre, sou e vivo, um amor itinerante.