O PASSARINHO

Vê-se adiante dos olhos,
No alto, entre a flora e as flores,
Um passarinho.
Esbelto, bonito,
De penas em cores vistosas.

Mas em verdade, parado no ar.
Pois ele não canta, não pia.
Não voa por entre as plantas.
Não dá o sinal do seu existir,

És pintado em tela do quadro quadrado,
Na parede pendurado, em pregos pregados,
Imóvel, sem vôo,
Passarinho estático, obra do artista.

(...)

Mas eu tenho uma'mente pueril,
A verdade que eu vi, talvez ninguém viu.
Digo e afirmo, não vou mentir.

Eu vi o passarinho voar.
O passarinho voou...
Pra bem alto, bem longe,
Fora do nosso alcance.
Voou pra distante, nas nuvens, no céu,
Ele buscou sua glória, invocou a imensidão,
Tinha ele um par de asas...
... asas da imaginação.