Antonio Jadel

Entre Sonhos & Poesias, a realidade do dia-a-dia.

Textos

AO MESMO TEMPO

AO MESMO TEMPO

Hoje me sinto aguerrido e quieto,
ao mesmo tempo.
Louco e sombrio, mas lúcido e bem consciente,
ao mesmo tempo.
Sedento de tudo, e calmo do nada,
ao mesmo tempo.
Sem dinheiro, sem nada,
sem trovas pro meu sustento,
E rico de posses, com poder em demasia,
tudo isso, ao mesmo tempo que tenho...
 
Estou farto, cansado, calado e ativo,
ao mesmo tempo,
Com tempo futuro ao tempo faltante,
Contraditório e exato, ao mesmo tempo,
Dentro de mim tenho paz, tenho guerra,
Tenho o ódio e o amor
(e pra qual me declino ?)
... e uma bandeira branca que tremula aos ventos,
Enquanto ao mesmo tempo,
tranquilo em meu lar, meu aconchego,
Meu seguro vadio,
a tempestade cai num inverno febril,
por entre os ventres dos refugiados.

Tudo num mesmo tempo,
Que me consola e me apavora,
Que mundo é este?
Por onde ando e onde estou ?
Longe e perto de mim mesmo,
ao mesmo tempo,
No espelho, noticiário dos periódicos,
nos meus pensamentos,
Uma incógnita e um decifrar,
Ao mesmo tempo que me tenho a viver,
Escuto o semelhante morrer.
 
E pra que eu possa pensar,
Daquilo que sou e que quero de mim,
Na vida que vai-e-que-vem,
Tudo ao mesmo tempo...
Palavras eu tenho à proferir e ao mundo gritar,
Mas da boca, nenhuma palavra sucinta que seja,
Me tenho dizer,
Me ponho ao mesmo tempo, idéias a ocultar.

E ao mesmo tempo que vejo,
que eu sinto, que eu toco,
Eu nada percebo, sem nada encontrar,
Ao mesmo tempo,
Que o mundo ainda que louco,
é também poesia, é morte e vida,
É um versejar.
 
Antonio Jadel
Enviado por Antonio Jadel em 06/11/2015


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