DETURPAÇÃO LABORAL

Na mão, violão sem cordas,
nos pés, calçados, sem cardaços,
Nos olhos temperos de ilusão,
Mas que traduzem fúria pelos rubros resplandecentes,
Ouvidos que nada ouvem,
e se calam ao barulho do tempo,
Na alma, vingança pela ingrata labuta,
Enquanto muitos tentam,
pra muitos, desalentos.

Padrão de vida, sem vida reconhecida.
Uma deturpação laboral,
Suor que escorre no rosto, nos ombros, no corpo,
Suor sem sal, não tem salário,
Tem ajuda de custo, e muitos sobressaltos.
Trabalho desválido, ingrato,
Trabalho insano... ao formoso patrão.
Capital arredio. Imponente imperador.

Uma deturpação laboral contra o homem atual,
Uma luta mundana, sobretudo desigual,
Trabalho forçado, pouco rendimento.
Emprego de graça, estresse e patologia,
parece o que busca, augura nenhuma,
trabalhar pro outros, é lucro à outrem,
enquanto pra si, esforço em si,
é muito pouco dinheiro,
Parece então que trabalho pros outros,
Uma deturpação laboral,
Enobrece a vida, ao sabor do lamento,
Trabalhar pros outros,
Parece que é só sofrimento.